Promoções ilusórias

Não adianta. Podem me chamar de crica, pois sou mesmo, e assumido. E, agora, o objeto da minha crítica são as pseudopromoções que vemos a todo momento no comércio. Há dois tipos básicos de enrolações: a gratuidade e o desconto.
O comércio explora as limitações da linguagem para tentar nos convencer das supostas vantagens oferecidas. Para evitar esse abuso, sugiro aos órgãos oficiais uma regulamentação mais bem definida sobre esses tipos de promoção. Siga-me de perto...

Como exemplo, poderia ser feita uma distinção entre os termos "grátis" e "brinde". As empresas costumam oferecer muitas coisas gratuitas. Mas sabemos que o custo dessas "gratuidades" já estão previstas no preço de outros produtos. Assim, poderia haver a seguinte distinção:

- brinde = elemento oferecido sem custo adicional, porém condicionado a alguma negociação entre fornecedor e cliente

- gratuito = elemento oferecido sem nenhum custo ou compromisso

Com essas definições teríamos os seguintes exemplos:

- Genhe o IPVA como brinde (e não grátis);
- Ganhe um boné grátis (ou seja, não é preciso fechar nenhum negócio, é só passar na loja e pegar o boné);
- A primeira mensalidade como brinde (não seria grátis já que implica em um compromisso);
- Ganhe uma TV de brinde (e não grátis) na compra de uma moto;
- Ganhe um mousepad gratuito (é só pegar, não precisa comprar nada)

No caso dos "descontos", também sabemos que desconto mesmo é raro. Imagine: ganhe 30% de desconto na compra de um DVD. O DVD nessa loja custa R$ 200 e, em outras, R$ 140. Grande desconto, hein!
Nesse caso sugiro a seguinte definição:

- desconto: diferença deduzida do preço de um produto devido a alguma condição e que não se aplica a todos os clientes

Assim, teríamos os seguintes exemplos:

- 50% de desconto para idosos (esse seria um desconto legítimo, pois está condicionado à idade e só se aplica a uma parte dos clientes);
- Liquidação com até 60% de desconto: normalmente não seriam descontos reais pois não estão condicionados e se aplicam a todos os clientes (poderia até ser uma liquidação, mas não seriam descontos reais; para ser descontos reais, eles não poderiam ser oferecidos a algumas pessoas);
- Desconto na apresentação de cupom (legítimo, pois está restrito a pessoas que apresentam um cupom);
- 20% de desconto à vista é enrolação, pois o que está sendo deduzido são os juros da compra a prazo

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