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08/04/2009

Crítica sobre um crítico

Certa vez estava eu assistindo à entrega do Oscar enquanto esperava o sono tardio. O crítico era o José Wilker. Hoje eu o considero um bom ator, progrediu muito desde os seus antigos trabalhos. Agora enveredou-se pela crítica cinematográfica. Naquela noite, no momento em que eram exibidos os indicados a melhores efeitos visuais, o Zé devia ter ficado em silêncio pois fez um comentário que acabou com qualquer consideração que eu viesse a ter por ele enquanto crítico de cinema. Ele disse:

"Os efeitos especiais são recursos utilizados para suprir a falta de idéias." (não me lembro se foram exatamente essas palavras, mas foi exatamente essa idéia)

Nunca vi tamanho equívoco vindo de um crítico. Às vezes até acho que, naquele momento, ele não percebeu a besteira que falou, talvez por causa da vertigem por estar no alto de um "pedestal" como crítico na Globo. Que ele tem uma aversão por obras mais populares eu já sabia, mas jamais esperava ouvir isso de um crítico. Caso você esteja se perguntando "mas onde está o equívoco?", siga-me de perto...

Quem tem mais idéias? Um diretor cujas idéias todas podem ser executadas apenas com recursos simples ou um diretor cujas idéias não podem ser produzidas apenas com recursos simples mais também com recursos tecnológicos?
Ora! Não é preciso ser matemático para saber que o conjunto de idéias do segundo diretor é maior do que o conjunto de idéias do primeiro diretor. Isso contraria o comentário do digníssimo crítico global. Claramente percebe-se que, nesse caso, os efeitos especiais seriam usados para suprir não a falta de idéias, mas, sim, o EXCESSO de idéias. Na época acessei o blog do José Wilker para deixar um post, mas não havia essa opção (será por quê, hein?). Eu iria fazer algumas perguntas. Por exemplo, quando alguém se propuser a dirigir um filme do Sítio do Pica-pau Amarelo, como alguém poderá produzir fielmente essa obra sem os efeitos especiais? Talvez o Zé ache que isso possa ser feito contando com a imaginação do espectador. Ótimo. Mas, não estamos falando da imaginação do espectador, e, sim, da imaginação do Monteiro Lobato.
No entanto, pode ser que o José Wilker estivesse tomando como parâmetro os seus próprios interesses artísticos. Se assim o foi, então tudo bem. Contudo, uma coisa é desclassificar uma obra por realmente ser ruim, e outra é desclassificar por não ser do seu interesse, atitude que o crítico deve evitar, principalmente como comentarista da entrega do Oscar.

Enfim, aqui vão uns exemplos de filmes com efeitos especiais com tramas bem mais interessantes do que muitos filmes "cabeças" insossos que tem por aí:

- Homem-aranha: foca as dificuldades de uma pessoa encontrando vários obstáculos materias para atingir seus objetivos de vida; o drama de alguém que deve sacrificar o seu amor pessoal pelo amor coletivo; apresenta também a equação "grandes poderes = grandes responsabilidades".

- Impacto Profundo: foca a revisão dos valores pessoais na iminente aniquilação da vida.

- O Senhor dos Anéis: apresenta a luta constante de um humilde ser contra os seus desejos egoístas enquanto está de posse de um grande poder.

- Jornada nas Estrelas: apresenta uma sociedade humana quase perfeita que conseguiu acabar com muitos dos seus vícios coletivos e não se cansa de tentar levar a paz conquistada aonde nenhum homem jamais esteve.

Bem, tem muitos outros ótimos filmes cheios de efeitos especiais, mas também conflitos humanos, crises existenciais, polêmicas, críticas à sociedade, etc, como suponho que o nosso prezado crítico aprecia, no entanto parece não ver essas coisas por causa de meros efeitos especiais.

Um comentário:

maopequena disse...

ótimo post!